Archive for março, 2009

Teatro de rua retrata a vida de Carlos Marighella

terça-feira, março 17th, 2009

A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, através da Caixa Cultural, irá apresentar seu mais recente espetáculo de Teatro de Rua em Salvador, Curitiba, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz surgiu em 1978 com uma proposta de renovação radical da linguagem cênica. Durante esses anos criou uma estética pessoal, fundada na pesquisa dramatúrgica, musical, plástica, no estudo da história e da cultura, na experimentação dos recursos teatrais a partir do trabalho autoral do ator. Não se limitando à sala de espetáculos, desenvolveu uma linguagem própria de teatro de rua, além de trabalhos artístico-pedagógicos junto à comunidade local. Abriu um novo espaço para a pesquisa cênica – uma Escola de Teatro Popular, oferecendo diversas oficinas abertas e gratuitas para a população. A organização da Tribo é baseada no trabalho coletivo, tanto na produção das atividades teatrais, como na manutenção do espaço.

Para a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz a função do teatro é social: contribuir para o conhecimento dos homens e ao aprimoramento da sua condição. Num mundo marcado pela exclusão, marginalização, pela homogeneização, pelo pensamento único, enfim, pela desumanização e pela bárbarie, cada vez mais é vital e necessário denunciar a injustiça, as vendas de opinião, o autoritarismo, a mediocridade e a falta de memória. Esta é a defesa que o Ói Nóis faz: o teatro como resistência e manutenção de valores fundamentais que diferenciam uns de outros: a solidariedade, a honestidade pessoal e a liberdade. Fazendo um teatro a serviço da arte e da política, que não se enquadra nos padrões da ética e da estética de mercado. O teatro como um modo de vida e veículo de idéias: um teatro que não comenta a vida, mas participa dela!

O espetáculo “O Amargo Santo da Purificação”, produzido pelos atuadores da Tribo, que retrata a vida de Carlos Marighella pretende propiciar ao púbico um espaço de reflexão e debate sobre a produção de teatro de rua brasileiro e sobre questões sociais e políticas.

A história da América Latina é uma história de injustiça e exploração. Mas é também – e sobretudo – a saga da resistência de homens e mulheres que, ao longo de cinco séculos, deram suas vidas no combate aos usurpadores das riquezas do continente.

Uma história escrita com o sangue de heróis como o inca Tupac Amaru, morto pelos espanhóis em 1572, e Condorcanqui, que sublevou os indígenas peruanos duzentos anos depois, considerado o precursor dos libertadores da América.

Símbolos dessa luta pela emancipação latino-americana, Simon Bolívar, José Martí, Emiliano Zapata, Augusto Sandino e Ernesto Che Guevara, entre tantos outros, lideraram trabalhadores do campo e da cidade contra o opressor.

Também guiado pela convicção na justiça social – e sob a bandeira do socialismo – o brasileiro Carlos Marighella procurou transformar de forma radical a realidade sócio-econômica do seu país.

Com o resgate da trajetória de Marighella, trinta anos depois de seu assassinato pela ditadura militar, homenageamos todos os revolucionários do continente, cuja herança permanece atual como nunca.

Assista a peça Amargo Santo da Purificação

dia 18 de março – quarta feira

12h – na Praça Santos Andrade

Curitiba – PR

VAle a pena!!!!

Seminário sobre crise econômica mundial prevê os impactos na saúde na América Latina

segunda-feira, março 16th, 2009

Realizado no âmbito do Fórum Social Mundial, em janeiro, o seminário reuniu idéias da ABRASCO, Cebes e ALAMES sobre como a crise econômica mundial pode transformar as estruturas da saúde pública na América Latina.

em 16-mar-2009

Reunidos no Seminário “Crise Econômica Mundial e a Conjuntura Política e Social na América Latina – Impactos na Saúde”, realizado no âmbito do Fórum Social Mundial de 2009, dezenas de dirigentes de organizações não governamentais, de várias instituições e militantes sociais identificaram na atual crise mundial aspectos que suplantam a esfera estritamente econômica. O que os países e suas sociedades estão vivendo é uma crise econômica e financeira, mas também social e ambiental, produto de um projeto civilizatório baseado exclusivamente nas leis de mercado, que trouxe como resultado o aumento da exclusão, das várias desigualdades e da miséria, aproximando populações inteiras da barbárie.

No momento de agudização da evidente crise social que já existia – e que não fazia parte da pauta do sistema capitalista mundial, que até então experimentava sua fase mais expressiva de acumulação – o mesmo sistema de acumulação de capital tenta se recompor. Duas ações, entre muitas, sustentam a tentativa de estabelecer este novo ciclo de acumulação: a expulsão de milhões de trabalhadores do mercado de trabalho; a apropriação, pela iniciativa privada, de recursos dos Estados nacionais numa magnitude jamais verificada na história do planeta, com a justificativa de se “vencer a crise”.

As diferentes mídias, em sua maioria aliadas aos detentores do capital, impõem às sociedades a discussão sobre saídas para a crise atual sob a ótica exclusiva do capitalismo, como se não houvesse uma alternativa de sociedade a ser considerada. O estabelecimento de uma nova ética política no âmbito deste processo civilizatório que propomos impõe o debate sobre a construção de uma sociedade estrutura de forma a combater todas as formas de opressão e de mercantilização de bens essenciais como a saúde.

Neste momento, cresce a importância do papel da ciência na busca de um novo padrão tecnológico a ser adotado neste outro modelo de sociedade. Este padrão não deve permanecer centrado no consumismo de mercadorias supérfluas, que exaurem os insumos naturais e agridem a saúde. Na sociedade que propomos, a ciência estará voltada principalmente para impulsionar o desenvolvimento social, utilizando estes novos padrões tecnológicos no interesses da sociedade e não do capital.

Segundo o CEBES, esta crise, se tratada nos estreitos limites das ações até agora implementadas, aumentará as iniquidades em saúde, devido não apenas aos prometidos cortes nos orçamentos sociais, mas também como resultado da elevação ainda maior dos já críticos índices de desemprego. Se vier a ser enfrentada com as receitas elaboradas por aqueles que são os principais responsáveis por seu surgimento, a crise atual aprofundará o difícil acesso a bens e serviços públicos essenciais, incluindo a saúde, educação, alimentação, habitação, saneamento e proteção do ambiente.

Frente à crise atual, se impõe o fortalecimento dos sistemas universais, em particular os de seguridade social, capazes de evitar a reprodução das desigualdades, superando políticas distintas de cidade para cidade – logo, de pessoa para pessoa -, reproduzindo, na prática, iniquidades. Neste sentido, é urgente recuperar o conceito basilar do pensamento sanitário brasileiro, sustentado no princípio da integralidade, através de um sistema universal que articule políticas setoriais capazes de promover mais saúde.

Fonte: CEBES

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FESTIVAL CULTURAL DO VALE DO RIBEIRA – DIA INTERNACIONAL DE LUTA CONTRA BARRAGENS

segunda-feira, março 2nd, 2009

O Rio Ribeira de Iguape é o eixo de integração cultural do Vale do Ribeira, sendo o principal rio formador da Bacia Hidrográfica do Ribeira e Litoral Sul, incluindo a região do Lagamar. Há muito tempo os povos originários do Vale, os quilombolas, os ribeirinhos e os caiçaras vivem, plantam, pescam e dependem deste rio. Foi assim que o Vale desenvolveu a sua maior riqueza: uma população que consegue, nas pequenas atividades como a agricultura familiar e a pesca artesanal, produzir e manter uma grande diversidade cultural e, ao mesmo tempo, conservar a maior área de Mata Atlântica do Brasil. Este equilíbrio caracteriza o Vale do Ribeira como uma região reconhecidamente com alta qualidade de vida, apesar dos baixos IDHs.


Apesar disso, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), uma das diversas empresas do Grupo Votorantim, tenta há mais de 20 anos construir uma Usina Hidrelétrica no Rio Ribeira de Iguape. O projeto da Barragem de Tijuco Alto está previsto para o trecho entre Ribeira (SP) e Adrianópolis (PR), no Alto Ribeira. Seu objetivo é SOMENTE produzir energia para AUMENTAR a produção de alumínio da CBA, localizada na região de Sorocaba, fora do Vale do Ribeira.


Aqui na região do Lagamar (Iguape, Cananéia e Ilha Comprida) podem ocorrer diversos impactos ignorados pela CBA e ainda não considerados pelo IBAMA: prejuízos ao ecossistema manguezal, redução da pesca da manjuba, alteração da cadeia alimentar marinha. Estas alterações, além de trazer problemas sociais, poderão afetar fortemente o turismo, que depende da pesca e da observação de botos.


Você sabia que:

– a Barragem de Tijuco Alto pode NUNCA encher?

– serão apenas 60 empregos fixos?

– você paga 10 vezes mais pela energia do que empresas como a CBA?

– o Lagamar pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape?

– o estudo de Impacto Ambiental, legalmente, deveria ser feito para toda Bacia?

– o Lagamar NÃO foi considerado no Estudo de Impactos Ambientais?

– esta energia não chegará na sua casa?

– há risco de contaminação com chumbo?

– agricultores foram expulsos de suas terras antes mesmo da hidrelétrica ser aprovada?


“Os compradores da CBA iam de casa em casa à procura de proprietários para fazer oferta de compra. O povo não queria vender porque tinha linha de ônibus, posto de saúde, escola, armazém era povoado de muita gente […] A CBA procurava na residência para forçar a venda, diziam que a água ia chegar e inundar tudo e quem não vendesse perderia a propriedade”.

Sra. Ana Néri Bruno do Prado

(Fonte: JERÕNYMO, Alexandre Cosme José. Deslocamentos de populações ribeirinhas e passivos sociais e econômicos decorrentes de projeto de aproveitamento hidrelétrico: a UHE de Tijuco Alto SP/PR. (Dissertação de Mestrado). Programa Interunidades de Pós-Graduação em Energia/USP, 2007).