O Rio Ribeira de Iguape é o eixo de integração cultural do Vale do Ribeira, sendo o principal rio formador da Bacia Hidrográfica do Ribeira e Litoral Sul, incluindo a região do Lagamar. Há muito tempo os povos originários do Vale, os quilombolas, os ribeirinhos e os caiçaras vivem, plantam, pescam e dependem deste rio. Foi assim que o Vale desenvolveu a sua maior riqueza: uma população que consegue, nas pequenas atividades como a agricultura familiar e a pesca artesanal, produzir e manter uma grande diversidade cultural e, ao mesmo tempo, conservar a maior área de Mata Atlântica do Brasil. Este equilíbrio caracteriza o Vale do Ribeira como uma região reconhecidamente com alta qualidade de vida, apesar dos baixos IDHs.
Apesar disso, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), uma das diversas empresas do Grupo Votorantim, tenta há mais de 20 anos construir uma Usina Hidrelétrica no Rio Ribeira de Iguape. O projeto da Barragem de Tijuco Alto está previsto para o trecho entre Ribeira (SP) e Adrianópolis (PR), no Alto Ribeira. Seu objetivo é SOMENTE produzir energia para AUMENTAR a produção de alumínio da CBA, localizada na região de Sorocaba, fora do Vale do Ribeira.
Aqui na região do Lagamar (Iguape, Cananéia e Ilha Comprida) podem ocorrer diversos impactos ignorados pela CBA e ainda não considerados pelo IBAMA: prejuízos ao ecossistema manguezal, redução da pesca da manjuba, alteração da cadeia alimentar marinha. Estas alterações, além de trazer problemas sociais, poderão afetar fortemente o turismo, que depende da pesca e da observação de botos.
Você sabia que:
– a Barragem de Tijuco Alto pode NUNCA encher?
– serão apenas 60 empregos fixos?
– você paga 10 vezes mais pela energia do que empresas como a CBA?
– o Lagamar pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape?
– o estudo de Impacto Ambiental, legalmente, deveria ser feito para toda Bacia?
– o Lagamar NÃO foi considerado no Estudo de Impactos Ambientais?
– esta energia não chegará na sua casa?
– há risco de contaminação com chumbo?
– agricultores foram expulsos de suas terras antes mesmo da hidrelétrica ser aprovada?
“Os compradores da CBA iam de casa em casa à procura de proprietários para fazer oferta de compra. O povo não queria vender porque tinha linha de ônibus, posto de saúde, escola, armazém era povoado de muita gente […] A CBA procurava na residência para forçar a venda, diziam que a água ia chegar e inundar tudo e quem não vendesse perderia a propriedade”.
Sra. Ana Néri Bruno do Prado
(Fonte: JERÕNYMO, Alexandre Cosme José. Deslocamentos de populações ribeirinhas e passivos sociais e econômicos decorrentes de projeto de aproveitamento hidrelétrico: a UHE de Tijuco Alto SP/PR. (Dissertação de Mestrado). Programa Interunidades de Pós-Graduação em Energia/USP, 2007).